Ode aos Calhordas

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Os calhordas são casados com damas gordas
Que às vezes se entregam `a benemerência:
As damas dos calhordas chamam-se calhôrdas
E cumprem seu dever com muita eficiência
Os filhos dos calhordas vivem muito bem
E fazem tolices que são perdoadas.
Quanto aos calhordas pessoalmente, porém
Não fazem tolices – nunca fazem nada.
Quando um calhorda se dirige a mim
Sinto no seu olho certa complacência.
Ele acha que o pobre remediado
Devem procurar viver com decência.
Os calhordas às vezes ficam resfriados
E essa notícia logo vem nos jornais:
“O Sr. Calhorda acha-se acamado
E as lamentações da Pátria são gerais.”
Os calhordas não morrem – não morrem
jamais
Reservam o bronze para futuros bustos
Que outros calhordas da nova geração
Hão de inaugurar em meio de arbustos.
O calhorda diz: “Eu pessoalmente
Acho que as coisas não vão indo bem
Pois há muita gente despeitada
Que não está contente com aquilo que tem.”
Os calhordas recebem muitos telegramas
E manifestações de alegres escolares
Que por este meio vão se acoalhoando
E amanhã serão calhordas exemplares.
Os calhordas sorriem ao Banco e ao Poder
E são recebidos pelas Embaixadas.
Gostam muito de missas de ações de graças
E às sextas-feiras comem peixadas.

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