Carta Ao Que Se Foi

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Partistes sem adeus, sem motivo ou razão.
Nada levastes, mas me deixastes a dor e a solidão.
Sem ti vaguei a esmo, andei sem rumo,
Senti-me sozinha, mas logo encontrei a tristeza minha
Que não me quis deixar.
Companheira antiga, fiel amiga, seguiremos juntas pela
Longa estrada do meu penar.
Andei sem destino tal qual um peregrino
Que roga aos céus em prece contrita que não lhe dê por desdita
Um caminho árduo.
Mas eu só queria arranjar um jeito de arrancar
Do peito um coração teimoso, sofrido, que mesmo por ti traído
Sussurra baixinho, quase em surdina, um buscar-me-sou-teu.
Amar-te é minha sina, esquecer-te quisera, mas não consigo,
Pois o tempo não me dá tempo para pensar
No tempo que perdi contigo.
Porém não te esqueças que até as pedras se encontram.
Posso talvez te encontrar e o tempo
Que hoje contigo conspira, pode então comigo estar.
Quem sabe ainda que essa dor infinda
Que no meu peito mora, tu podes senti-la agora
Seja como for ainda te amo, amor.
Uma flor mal cuidada perde o viço e fenece.
Um coração desprezado chora, sofre, luta, mas esquece.

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